Primavera Silenciosa - Rachel Carson

15/11/2013 20:44

Boa noite, leitores.

Hoje nós vamos avaliar um não só famoso, como renomado livro: Primavera Silenciosa, por Rachel Carson.

Carson foi uma bióloga - mais do que isso, uma ecóloga - apaixonada pelo que fazia. Após anos publicando best sellers que voltavam-se a dissertar sobre os mares e todas as formas de vida contidas neles, Rachel se deu conta de que o ser humano tinha ido longe demais em sua busca por controlar certos aspectos da natureza. As pessoas encontravam-se em um mundo emergindo da Segunda Grande Guerra Mundial, onde a pesquisa no ramo dos produtos químicos nocivos estava a todo vapor. Por causa disso, inseticidas e herbicidas foram criados e difundidos para as pessoas indiscriminadamente. Se é difícil reconhecer o problema disso para vocês, eu explico: Os venenos que nossos bons agricultores e o governo aplicam para matar animais e plantas que são considerados desagradáveis em algumas regiões destroem tudo o que eles encontram. O pózinho que pulverizam para matar o inseto que come uma planta de nosso interesse vai matar todos os insetos da região. Então aves comerão esses insetos envenenados e morrerão de maneira ainda mais dramática. Aí o que sobra de veneno fica no solo por décadas, gerações. Na água temos efeitos semelhantes em peixes e outras formas de vida. E vocês acham que os humanos são imunes? Não mesmo. Primeiro morrem os ecossistemas, depois nós perecemos junto com eles.

Rachel narra, primeiramente, uma história hipotética sobre um ambiente perfeitamente harmonico com a natureza, onde, após o uso de pesticidas, tudo muda dramaticamente. Após esta narração, a autora começa a descrever casos reais da saga de destruição do homem para com a natureza, e sua consequente autodestruição, ao ver seus preciosos produtos químicos matando seus animais de estimação, seus conterrâneos, suas crianças! Carson fez questão de dividir seu livro nos vários ambitos de destruição causada pelos venenos, os quais ela também descreve desde a composição química básica até o nível de toxicidade (famosos como o DDT são altamente citados). Dessa forma, podemos, pelas descrições de Carson, visualizar como os amados inseticidas, que alguns de nós adoram borrifar em suas casas, destroem tudo ao nosso redor. Sim, tudo, pois cada ação que você comete na natureza volta direto para você. Os peixes envenenados que você come, a água envenenada que você bebe, mesmo aquela chuva advinda de nuvens contendo produtos tóxicos. Sabe imaginar a cena de uma criança colocando a língua para fora e recebendo os pingos de chuva em sua boca? Imagine então se você se dá conta que aquela chuva contém um pesticida espalhado pela natureza e aquela criança morrerá em cerca de minutos... Essa é a sensação de ler Primavera Silenciosa. Você descobre que o mundo é mais do que o teto da sua casa. Você se reconhece como só mais uma das tantas vidas que ocupam  a Terra, e com que direito nós humanos manipulamos e destruímos a nossos irmãos (humanos e não humanos, SIM).

Rachel Carson percebeu que, sem uma voz para tocar a mente e o coração dos seres humanos, a destruição nunca cessaria. E ela foi essa voz. De pacatos livros sobre o oceano e o que está contido nele, desde sua formação, Carson passou a escrever o livro que travaria uma guerra contra forças poderosíssimas: A ciência. O governo. A ignorância. E notem que, até onde foi meu entendimento, ela nunca apelou pra religião para isso. Não foi Deus que ela priorizou para mostrar aos humanos incensíveis a importancia de respeitar a natureza. Ela não usou o divino. Usou o humano. Usou a nós, mostrou as consequencias, diretas e indiretas, dos NOSSOS fatos. Sensacionalismo? Muitos disseram que sim. Exagero? Muitos disseram que sim. Mas as mortes estão aí. Os números estão aí também. Rachel deu seus ultimos suspiros a defender os injustiçados grupos de vidas que nós humanos liquidávamos sem dó. Plantas que mal conhecíamos a função vital no ecossistema, insetos que não sabíamos ser fonte primaria de alimento para aves ou peixes. Motivados por razões fúteis, governos de cidades usavam pesticidas em lagos pois os mosquitos eram INCOMODOS! Eliminavam plantas porque elas eram FEIAS na beira das estradas. Arvóres-símbolo foram mortas. Passaros-símbolo foram mortos. Relatos de aves que caiam no meio do vôo, debatendo as asas no chão antes de morrerem em profunda agonia tornaram-se comuns nos Estados Unidos.

Após a bomba que Carson lançou à moral dos pesticidas explodir, toda a pesquisa cientifica com químicos foi travada, e uso de pesticidas, suspenso até que fosse criada uma legislação que diminuisse os impactos desses compostos no meio ambiente. Simultaneamente, a Ecologia foi mais reconhecida como uma ciência de valor fundamental ao ser humano.

E, no meio de tudo isso... Rachel Carso morreu. Foi vitimada por um câncer que somente a deixou ver o horizonte de eventos que sua ultima obra propiciou ao mundo.

A paixão de Carson é intensa ao ponto de, ao ler o livro, você observar exatamente o que ela descreve com sua mente. Cada ambiente descrito, cada sombra e cada folha de arbusto. Se ela diz que uma menina de cabelos ruivos caminha por entre pedras à beira-mar, você sente o vento oceanico soprar em seus cabelos, sente o cheiro forte das algas arribadas à areia, sente a espuma da água do mar molhar os pés desta menina, como se fossem seus próprios pés.

O único livro que já li dela foi o próprio Primavera Silenciosa, mas garanto que sua leitura me incentiva a adquirir todos os outros. Experimentem, os que amam a natureza! E os que não a amam, aprendam então a amar!

Um abraço a todos.

D'Lima

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